Arquivo

Família de Alexandre Ivo questiona PSOL sobre candidato que testemunhou contra o caso

Redação Lado A 22 de Agosto, 2016 23h54m

COMPARTILHAR

TAGS


Alexandre Ivo foi brutalmente torturado e assassinado quando tinha 14 anos, em 2010, na cidade de São Gonçalo. O caso ganhou repercussão na mídia nacional por seu caráter homofóbico e bárbaro. O movimento “Alexandre (V)IVO” ganhou o apoio de diversos ativistas sociais e políticos, como o deputados Jean Wyllys e Paulo Eduardo Gomes, além do apoio do partido PSOL nas investigações. Em uma carta aberta, o movimento denunciou no último dia 16, que o partido, de forma contraditória, filiou e está apoiando a candidatura para vereador de uma das testemunhas de defesa do caso.
 
Para entender melhor o cenário, vale lembrar que a investigação da polícia levou a três suspeitos e uma das hipóteses era de que esses garotos faziam parte de um grupo de skinheads. A delegada responsável pelo caso, Patrícia Acioli, trabalhou afinco para resolver o caso, mas foi assassinada durante o período da investigação. Quando o julgamento foi retomado, a nova promotoria decidiu por arquivar o caso por falta de provas e erros policiais durante o período de investigação.
 
Durante todo esse processo, o PSOL esteve presente oferecendo apoio, proporcionando debates públicos e participando dos protestos do Movimento Alexandre (V)IVO. Gratos a esse serviço, Angélica Ivo, mãe de Alexandre, e Marco José Duarte, primo, chegaram a se filiar ao partido e levar a bandeira da causa para as eleições de 2012. O nome de Alexandre Ivo batizou a lei PLC 122 que queria criminalizar a homofobia no país.
 
Entretanto, em uma carta ao público, os líderes do movimento relataram um triste fato sobre o PSOL, que só comprova que os partidos brasileiros são corrompidos e não trabalham com os filtros ideológicos propostos, mas sim com o número de votos que vai garantir cadeiras para a legenda nas Câmaras legislativas: Jorge Santana, uma das testemunhas que defenderam a inocência dos três réus acusados pela morte de Alexandre Ivo, é candidato a vereador de São Gonçalo pelo PSOL.
 
Na época, Santana era estudante de História da UFRJ e participou como testemunha do caso porque era amigo de infância dos três réus e, segundo ele, acreditava que eram inocentes e fez uma fala para inocentá-los da acusação de serem skinheads. Ao tomar conhecimento da candidatura, os representantes do Movimento Alexandre (V)IVO encaminharam um relatório e uma carta ao partido para reiterar seu comprometimento com as pautas do PSOL e, também, informá-los do equívoco cometido pela legenda, que sempre se afirmou ser favorável à luta LGBT e chegou a usar o caso do menino Ivo como pauta das suas campanhas. O próprio tio do menino, Márcio Duarte, foi candidato nas últimas eleições pela sigla, ao qual todos da família se filiaram.
 
A resposta foi o silêncio. Ignorados, o movimento decidiu se pronunciar publicamente: “Viemos a público denunciar que a retórica eleitoreira não nos engana. Reafirmamos nossa luta, enquanto Movimento Alexandre (V)IVO, pela defesa da vida e por tortura nunca mais, construindo nossas ações em princípios éticos e morais que nos distanciam dos sepulcros caiados, com aparência de novos, pois reforçam projetos burocráticos e eleitoreiros. Em nosso projeto societário não cabe a falta de respeito, não cabe a falta de solidariedade, não cabe a indiferença, não cabe a omissão, não cabe o oportunismo, não cabem mesmo…nele cabem a ética, o coletivo, a verdade”, diz o documento.
 
Por fim, ressaltaram a importância do voto consciente e da luta LGBT dentro das pautas dos candidatos.
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

COMPARTILHAR

TAGS


COMENTÁRIOS